– Luiz Carlos Freitas
Certos diretores muitas vezes nem chegam a ter noção do alcance de algumas de suas obras. Ou será que Frank Darabont imaginaria que o seu primeiro trabalho na direção, uma trama de assassinato e vingança feita por encomenda para a TV, e que nem mesmo chegou a ser lançado DVD, alcançaria o status de cult algum dia? Bem, isso pode até não ser consenso entre o meio cinéfilo como um todo, mas os mais saudosistas irão concordar que, nos bons tempos em que a TV aberta ainda tinha algo a nos oferecer, as inúmeras reprises nas tardes (Cinema em Casa) e noites de Domingo (a finada ‘Sessão das Dez’) no SBT, fizeram de Sepultado Vivo um pequeno clássico para muitos.
O filme tem um argumento bem simples, com uma mulher ambiciosa que envenena o marido com a ajuda do amante (que é médico) para ficar com a sua fortuna. Porém, o veneno não é tão eficaz quanto se espera e o homem tem a “sorte” de despertar após ser dado como morto. Só que isso acontece com ele já dentro do caixão, depois de ter sido enterrado. Como a vadia de sua esposa quis economizar até no velório, o comprou um caixão de madeira estragada, o que acaba facilitando para que ele consiga escapar (na base da porrada).
O roteiro é básico e ‘redondinho’, e se não se preocupa em explicar muita coisa (por exemplo, por que ele não morreu? Por que o veneno – apresentado como extremamente fatal – falhou?), também não deixa pontas soltas. Boa parte da força vem mesmo do trio que encabeça o elenco e é focado na maior parte da projeção, Tim Matheson e Jennifer Jason Leigh, respectivamente marido e esposa, ainda engatando no início de suas carreiras, e William Atherton no papel do filho da mãe sedutor e sem caráter (pela ducentésima vez em sua carreira). Aliás, o personagem dele é de longe o mais interessante. Suas falas e feições carregadas de cinismo rendem alguns dos melhores momentos.
Mas o grande trunfo, sem dúvidas, era o então estreante Frank Darabont. Com alguma experiência no universo do terror, co-roteirizando A Bolha Assassina e A Hora do Pesadelo III, ambos de Chuck Russel, também admitiu ser um grande fã de Alfred Hitchcock e do universo dos filmes de terror “B” da década de 50 (tanto que seu último trabalho, O Nevoeiro, é uma clara homenagem a esse tipo de filme). Sem muitas firulas, ele consegue conduzir o filme de forma segura, com um clima de suspense que é mantido até os últimos minutos, construindo alguns bons momentos de tensão, como quando ele “desperta” embaixo da terra, cavando com as mãos para sair antes de morrer soterrado, ou o clímax final, onde há o tão esperado acerto de contas na grande “casa-caixão”.
O filme, certo tempo após lançado, ainda teve seu título inexplicavelmente mudado para o extremamente imbecil Morto Mas Nem Tanto, não chegando a ser lançado em DVD, e restando atualmente no máximo algumas fitas VHS nas mãos de colecionadores. Aliás, provavelmente, Sepultado Vivo não mudou a vida de ninguém (como dito, talvez nem mesmo seus realizadores lembrem muito bem dele). Mas, assim como eu, muitos certamente o guardam na memória com um grande apreço e prova definitiva de que houveram, sim, bons tempos aonde a TV aberta ainda poderia ser considerada um sinônimo de diversão de qualidade.
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3/5
Sepultado Vivo / Morto Mas Nem Tanto (Buried Alive) – EUA, 1990 – Direção: Frank Darabont – Elenco: Tim Matheson, Jennifer Jason Leigh, William Atherton, Hoyt Axton, Jay Gerber
caramba, adorava esse filme, poiseh, quem diria que se tornaria um clássico…
Muito legal resgatar esse!!! 😀
O final desse filme nunca vai sair da minha cabeça… Até hoje eu quero ser cremado!
O final desse filme nunca vai sair da minha cabeça… Até hoje eu quero ser cremado! [2]
hahahahahahahhahahaa
clássico que mantenho o vhs gravado do Cinema em Casa (com direito a trailer de Cabo do Medo e o concurso de paródias do Moacyr Franco nos intervalos) até hoje. passar pra dvd é coisa de boiola!
e a segunda metade é um pega pra capar muito foda, que culmina naquele final pra lá de sinistraço.Até hoje eu quero ser cremado! [3]
HAHAAHAHAHA
Até hoje eu quero ser cremado! [4]
e sai daqui thiago! vai embora!
Lá pelos idos de 1998, vi no SBT e adorei. Com certeza, foi o filme que me fez gostar de cinema.
“Por que o veneno – apresentado como extremamente fatal – falhou?”
Humm pelo que eu me lembre acho que explica sim. O amante disse para Jennifer Jason Leigh que o marido deveria tomar todo o veneno, mas à noite ela, receosa, jogou o veneno na lixeira e ele ficou pingando, quando ela voltou para pegar já havia derramado uma boa parte. A câmera foca bem isso, então daí o marido não ter morrido.
Ótimo blog e ótimo filme!
Discordo da crítica do Luis Carlos Freitas quanto não explicar como um veneno tão letal não matou o sujeito.E concordo com o comentário 7 da Carol. Num diálogo entre o médico, (amante) e a mulher, ele diz que o veneno é de um peixe(que eles acabam comendo num jantar preparado pelo médico) mas pra ser letal deve-se consumir a dose total do frasco.A mulher leva o frasco para casa e o esconde num cesto de roupa e o frasco fica vazando a noite toda.Quando a mulher serve ao marido pressupõe que a quantidade de veneno havia diminuído.
ótimo filme.
Se não me engano, o veneno não funcionou porque ela não aplicou todo o conteudo.
Republicou isso em xykosanto.
Ótimo filme, fez parte da minha adolescência…
Esse filme marcou minha infância.
Além de ter derramado veneno na lixeira durante a noite, o cara não bebeu todo o vinho que tinha o veneno diluído.
Ótimo filme, mas o que me intrigou foi o final… Por que o xerife não o reconheceu?🤔