– por Guilherme Bakunin
Os anos noventa declaram algo importante na carreira de Woody Allen: ele está ficando velho e, progressivamente, deixará de ser tão frequente em seus próprios filmes, especialmente porque a temática de seu trabalho costuma ser invariavelmente a mesma: as neuroses do cotidiano na vida dos metropolitanos. Tem sido assim desde A última Noite de Boris Grushenko e até agora, poucos de seus filmes saem dessa alçada.
Tiros na Broadway é o segundo noventista a não contar com a presença do diretor. Aqui, não há personagem que faça paralelo com a persona de Woody. O mais próximo que temos disso é David Shayne, interpretado por Cusack, escritor de peças teatrais com um leve complexo de superioridade que geralmente acompanha autodeclarado artistas, que se vê obrigado a aceitar uma má atriz em sua peça para poder produzi-la.
O filme segue, em geral, dois caminhos: a construção da peça e pequenas cenas onde são narrados acontecimentos paralelos que de uma forma ou de outra envolvem o pessoal do teatro. Allen trabalha aqui com gângsters idealizados, retratados como figuras estereotipadas pelo cinema que o cineasta tanto admira. E se aprendemos algo vendo seus filmes, podemos dizer que os ‘mocinhos’ de Tiros na Broadway foram feitos em torno dos gângsters, e não o contrário, como pode parecer. Além das intrigas no preparo da peça e o conflito interno de auto questionamento de Shayne, o filme abre um leque pra clássica filosofia manhattiana dos filmes de Woody, indo de Nietzsche às artes, Shakespeare à Crepúsculo dos Deuses.
O texto aqui é poderoso, firme e objetivo, porém flexível o bastante para dar espaço às fantásticas reflexões de Woody Allen sobre a vida, sobre a arte, sobre o amor. Referente ao esquema do gângster ser o verdadeiro gênio, não vou corroborar com esse tipo de coisa. Woody Allen deixa sua ideia bem clara: o artista nasce pronto e ninguém pode tornar-se um. É simplista demais, cômico demais pra ser algo levado tão à sério (um tramamento mais dramático poderia ter servido melhor pra sustentar a queda de Shayne e sua arte, algo que Allen hesita em utilizar aqui).
Num universo controlado por armas e chapéus, onde as duas únicas saídas parecem ser viver uma vida ordinária ou se entregar de corpo e alma à salvação da arte, qual é o papel do homem nesse lugar? A discussão pode ir longe, e entre cães e Helens Sinclairs, nós, juntamente com Allen, descobrimos que tudo o que podemos aspirar é ao amor, ainda que jamais venhamos a ter certeza do que ele seja.
5/5
Ficha técnica: Tiros na Broadway (Bullets Over Broadway) – EUA, 1994. Dir. Woody Allen. Elenco: John Cusack, Dianne Wiest, Jennifer Tily, Chazz Palminteri, Mary-Louise Parker, Jack Warden, Joe Viterelli, Rob Reiner.
esses 5/5 frequentes me dão nojo.
porque eu sabia que quando eu vi “kevin” ali do lado era porque ele tava discordando de alguma coisa? hahahahaha
Vou lembrar de não gostar do filme na próxima, cara
Você deu 1/5 pro filme dos “diretores pederastas”, hahahahahhahaha.
hahahahaha, mas aquele filme mereceu.
Sei lá, fica desinteressante o post.
Esse negocio de nota é algo ruim.
pior que é mesmo. eu não gosto, particularmente. eu não sei dar nota 😛
hahahahahaha
No Criticker, o Ber deu 100 pra mais de 10% dos filmes em que votou. =P
pior que é mesmo, risos
Não gostaria de justificar, até porque a nota é algo puramente ilustrativo – o texto mesmo é que conta. Mas então, a gente deve ver tipo, um filme por dia, mas postamos uma, duas ou no máximo três vezes aqui no blog. O natural é que escrevamos sobre aquiles filmes que mais nos agradaram (com exceções). Além, é claro, que a gente possui um processo seletivo na hora de escolher os filmes que vamos ver, então é meio natural ver algo que nos agrade.
O que deve mudar com o tempo, é apenas a escolha pros filmes aqui postados. Me recuso a ouvir qualquer repúdio a uma nota máxima prum filme do Woody Allen, por exemplo.
Concordo em gênero, número e degrau.
Falou tudo!
Talvez se começarmos a postar sobre filmes do Tony Scott ou do Michael Bay o pessoal fica mais contente.
ou do Gus Van Sant OIE
Ta como se Tony Scott só fizesse merda, né.
Vou escrever sobre “Um Tira da Pesada” essa semana. :B
a mania de contrariar do Kevin é tão obsessiva que ele vai defender o Tony Scott \o/ HAHAHAHA
O lance do Kevin e do Tony Scott é pessoal, meio lésbico. Mas o Tony Scott é um grande merda, dirigindo Sarandon e Deneuve ou não
Bah, Domino e The Hunger são dois filmes foda.
Ué, não vejo como o Ridley Scott pode ser tão melhor que o Tony. E tem crítica de Gladiador aqui no blog.
Dejà Vu é legal pra caralho, e tem uma cena de perseguição muito da fodona.
“Ué, não vejo como o Ridley Scott pode ser tão melhor que o Tony. E tem crítica de Gladiador aqui no blog.”
Qual a pergunta, já que a reposta se encontra aí mesmo?
esses Irmãos Scott deveriam trabalhar em uma pizzaria.
Lucas deve ser o mais sábio daqui.
Lucas é o mais gay. mais sábio, não sei.
“Ué, não vejo como o Ridley Scott pode ser tão melhor que o Tony.”
O Ridley não é melhor que o Tony: empatam no mesmo nível de mediocridade.
(tá, tá, o Ridley fez 2 filmes fodas e sabe editar [um pouco] melhor que Tony)
eu tb dou 5/5 e Cheech é um dos melhores personagens que Allen ja criou na vida!E bom,O final é lindimais