– por Guilherme Bakunin
Star Wars tem provavelmente as piores legiões de fãs do cinema e um criador que não é um cara muito inteligente, mas devemos reconhecer: é um filme incrível, lírico, bem estruturado, e resultado de uma das grandes jogadas de marketing da história, tanto na pré-concepção – na questão de Lucas ter escolhido o episódio IV para iniciar a saga, visando o apelo público – quanto na pós-concepção – divulgação. Na trama, um cara chamado Luke (risos?) Skywalker, que aparentemente vive num negócio caseiro com seus tios é arrebatado no meio de uma enorme revolução onde está em jogo o equilíbrio do universo (???).
Claro que comercialmente foi interessante começar uma saga do meio, afinal Star Wars é um sucesso, mas do lado artístico é um desastre. Sim, porque de uma hora pra outra um adolescente repentinamente salva uma galáxia inteira do maior vilão do universo. Fica eminente também a péssima apresentação de seus personagens, rasos, imprecisos. Afinal, quem são eles? Por mais que isso tenha sido explicado em episódios posteriores, a culpa de Uma Nova Esperança não pode ser eximida.
Relevando esse supermassivo furo, que é proposital, Star Wars se apresenta como uma história de aventura brilhante. Uma ambientação muito digna, uma história extremamente complexa e trabalhada, personagens bem motivados e que são, a despeito do buraco já mencionado, bem construídos. O roteiro, clássico, é construído por três atos: a leve introdução, não dos personagens, mas dos acontecimentos; desenvolvimento da trama, com a chegada de Han Solo e a viagem espacial até a Estrela da Morte; e o fim explosivo com a missão dos rebeldes. Esse forte padrão no roteiro foi fundamental para deixar a trama amarrada, sempre interessante, instigante. Depois de Luke e Obi-Wan começam a jornada, pouco tempo de descanso será dado ao espectador. E num filme supostamente comercial como Star Wars isso é tudo.
Porém, o mais legal do filme é a clara falta de crédito que ele tinha ainda durante as filmagens. A gente percebe que para alguns atores, só faltou dar risada. E o orçamento, que é relativamente modesto, corrobora com a bizarrice cômica de várias cenas. Não que isso seja defeito, mas é apenas um ponto muito interessante a ser observado, e que terrivelmente parece ir de encontro a outros filmes igualmente considerados como revolucionários, ou qualquer coisa que, em larga escala, parece ir contra normas pré-estabelecidas. Porque Star Wars é isso, uma ruptura forte com o sistema, tanto independente quanto hollywoodiano de se fazer filmes. De um ano para outro, cinema não é mais “coisa de adulto”, e um lado maio mágico do cinema é de certa forma resgatado dos early 1900s: o culto à imagem, aos efeitos, às ilusões que o cinema, como forma de arte, iniciou. Pelo menos me parece mais aceitável definir dessa forma a revolução trazida por Star Wars, sem que diminuamos seu valor. Porque ter iniciado um cinema fajuto, fundamentado no lucro (algo que, como mencionei, já não era mais preocupação da produtora FOX, principalmente pelo descrédito) não é recompensador pra ninguém.
Finalmente, o fator que mais me tocou em Star Wars é a energia que permeia o filme. Tem algo de singelo acontecendo ali a todo instante, e o amor parece ser o sentimento mais predominante e o combustível mais estimulante para as principais mudanças daquele universo. Luke inicia sua jornada ao lado de seu tio, de sua família, que não é das melhores, mas ainda sim, é um lar. Depois de perder esse lar, o personagem vaga sem destino até que encontra um novo, ao lado de pessoas igualmente diferentes e disfuncionais, mas ainda sim é um lugar onde ele encontra repouso e paz. E além do amor, os personagens são motivados e conquistam vitórias em função da fé. Os que não tem fé são explodidos junto com a Morte, e os que a possuem, mesmo que sejam maus, sobrevivem. Porque num mundo onde em um piscar de olhos sua vida e toda a sua terra podem desaparecer, ter fé parece ser algo fundamental para simplesmente, entrar no carro e continuar vivendo.
4/5
Ficha Técnica: Star Wars IV: Uma Nova Esperança (Star Wars IV: A New Hope) – EUA, 1977. Dir.: George “Luke” Lucas. Elenco: Mark Hamill, Harrison Ford, Carrie Fisher, Peter Cushing, Alec Guinness, Anthony Daniels, Kenny Baker, Peter Mayhew, David Prowse, James Earl Jones.
21 de dezembro de 2009 at 20:08
OLHA A FOTO, CAULI!
21 de dezembro de 2009 at 20:08
Adorei o “4/5”, haha.
21 de dezembro de 2009 at 22:09
por quê?
21 de dezembro de 2009 at 20:48
Se meu texto foi o mais comunista, o seu foi o mais evangélico =p
21 de dezembro de 2009 at 21:42
Darth Vader says:
puxe meu dedo
21 de dezembro de 2009 at 22:34
Juliette Leia
21 de dezembro de 2009 at 23:24
quem não gosta não gosta..pronto..
achei a nota alta pelo que falou na critica…
22 de dezembro de 2009 at 10:12
Minha dica é: Foda-se a nota. Leiam o texto e a partir daí, dêem a nota que acharem mais adequada. É o que eu faço.
21 de dezembro de 2009 at 23:35
Não gosto de dar nota justamente por isso, é algo muito subjetivo.
Ex.: “Armaggedon” é um filme que, após uma análise ‘fria’, merece um 1/5 por causa do Bruce Willis (canastra figuraça); Mas, levando em conta o quanto adoro essa porcaria (e tenho o DVD – e revejo sempre que posso), daria 5/5 por “apego sentimental”.
E aí, se for levar em conta que o filme (agora, falando de ‘Star Wars’) tem todo o aspecto “revolucionário”, já entraria uma terceira possibilidade de nota …
Como acredito que as críticas, por mais que exijam uma grande parcela de nossa percepção, devem procurar ser impessoais dentro do possível, prefiro a nota após a avaliação da obra como um todo.
Sendo assim (findando essa enrolação por aqui), dava um 3/5 e com muita (mas muita MESMO) boa vontade, afinal as únicas coisas que diferenciam esse filme de ‘O Nascimento de uma Nação’ são a IDEOLOGIA (hahaha) e o fato de que esse é BEM mais divertido.
Mas continua sendo um filme ruim muito importante. :3
22 de dezembro de 2009 at 15:15
Armaggedon é 4/5, e > Star Wars.
22 de dezembro de 2009 at 5:07
hahahaha, quem foi o gênio que zoou com a foto?
Princesa Léia, sua boqueteira dos infernos!
22 de dezembro de 2009 at 7:44
Ué, acho que eu expliquei no texto que o principal erro do filme foi proposital – a falta de uma apresentação decente dos personagens, o fato do filme já começar em meio a ação, etc – e que apesar de ser algo que atrapalha, a gente compreende que vai ser melhor trabalhado em filmes posteriores. Fora isso é um filmão.
E hahahaha não entendi a ligação com Nascimento de uma nação, LC.
22 de dezembro de 2009 at 9:43
Não concordo com uma vírgula do texto. Foram mal utilizadas.
Algumas idéias fazem sentido; conquanto era imprescindível salientar que George Lucas é um farsante. “Uma nova esperança” é quase cópia de “A fortaleza escondida”, do Kurosawa.
Acredito que mais transgressor da trilogia foi o segundo filme, “O Império contra-ataca”.
E outra, não vejo grandes pontos de ruptura entre o filme e o cinema clássico. Imperatividade do estúdio, nulificação prática do trabalho autoral, cinema vertido ao lucro, às produções megalomaníacas… entre Cecil B. DeMile e George Lucas, há um cordão umbilical; a despeito da superioridade do primeiro.
Star Wars não é uma volta ao primeiro cinema. É uma continuação suja, uma sobrevivência desesperada, do totalitarismo dos estúdios. É um filme da Fox, não de George Lucas.
22 de dezembro de 2009 at 9:45
A narrativa, extremamente linear; os personagens rasos; o formulismo técnico fundamenta uma ruptura? Talvez. Vejo mais continuidades.
Esse filme não me tem nada de transgressor. Se transgride, é apenas na superfície.
22 de dezembro de 2009 at 10:03
Guarni, leia o texto de abertura do especial, escrito pelo Ber:
https://cinecafe.wordpress.com/2009/12/13/especial-cinema-transgressor/
22 de dezembro de 2009 at 10:37
“Àquele que criou uma indústria à parte na economia mundial”. Fato. É com Star Wars que se inicia o poderio das grandes franquias, a expansão sem precedentes da indústria cinematográfica.
Ausência deste ponto na análise do Baco, então. Defeitos. Star Wars não é transgressor por quebrar paradigmas, e sim por elevá-los a um patamar nunca antes visto.
22 de dezembro de 2009 at 10:38
Digo, nunca vi bonequinho do Liberty Valance. Mas seria legal pra caramba.
22 de dezembro de 2009 at 10:47
Claro que eu falei disso no texto, mas decidi observar outros fatores, principalmente porque curti o filme. Ora, ninguém nega que seja cópia do filme do Kurosawa, mas cineastas, conceituados inclusive, fazem esse tipo de coisa o tempo todo. E daí que Star Wars é releitura? Magnólia também é, Stalker fica uns 30 minutos só num quadro do Bruegel, enfim.
Star Wars não é uma produção cara, velho, não sei de onde você tirou isso. Não falo das continuações, mas do primeiro. Até porque a FOX subestimou o filme, negligenciou o Lucas. Como eu disse, não dava crédito. Não é um filme de estúdio, já que ele só exerceu influência forte mesmo na pré-produção, na escalação do Ford ou na formatação de uns lances do roteiro. No mais, é um trabalho autoral, sim, do Lucas. Na construção, pelo menos. Star Wars foi um dos primeiros filmes jovens do cinema, não entendo como isso não pode ser louvado. Claro que gerou muita coisa ruim, mas po, se Cidadão Kane nunca tivesse existido, a Julia Roberts também não seria uma estrela, e aí.Ying e yang, né não, bicho?
22 de dezembro de 2009 at 10:39
Foto é a melhor coisa do post, e é melhor que o filme.
22 de dezembro de 2009 at 12:02
Léia, a rameira intergaláctica.
22 de dezembro de 2009 at 15:26
Star Wars é hiper-legal, amigos. Um marco nerd. Eu diria que minhas notas seriam mais ou menos assim:
Episódio IV – 4/5
Episódio V – 5/5
Episódio VI – 3/5
Episódio I – 2/5
Episódio II – 4/5
Episódio III – 5/5
Preciso rever tudo, assisti faz tempo. Mas mesmo assim, vale super a pena.
9 de fevereiro de 2010 at 20:32
Uma curiosidade sobre o filme, no exato minuto…1hr,52min e 50seg da para ver o olho de darth vader aparecendo dentro do capacete dele quando bate o reflexo, (é mais ou menos quando estamos de oculos escuros e bate o sol diretamente e quem esta na nossa frente consegue ver nossos olhos, da pra ver que se trata de um homem comum sem problemas ou desfigurado, isso acontece quando ele esta dentro da nave, estranho isso acontecer ja que o mesmo foi totalmente desfigurado no episodio III